Mulheres que fazem história na SBQ

YD Comunicação - 08/03/2021

Profissionais ajudaram na criação da Sociedade e seguem trabalhado com empenho e determinação

A história da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) conta com o esforço e dedicação de três grandes profissionais. Sua criação teve as mãos das médicas Mônica Sarto Piccolo, Maria Thereza Sarto Piccolo e da fisioterapeuta Cristina Lopes Afonso. Elas se uniram para inserir o tratamento de queimaduras nos procedimentos de alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para a cirurgiã plástica Mônica Sarto Piccolo, o início foi empolgante e com muitos planos. “Era necessária a criação de uma Sociedade composta por uma equipe multidisciplinar para cuidar do paciente com queimaduras”.

Mas, o começo não foi fácil. Houve resistências de lideranças de outras sociedades e dificuldades financeiras. “Superamos uma a uma com unidade, com articulação política e, principalmente, com muito amor pela queimadura”, conta Cristina Lopes Afonso.

Associada – A fisioterapeuta Marilene de Paula Massoli conta que após a definição da primeira diretoria nacional, outros profissionais se filiaram, inclusive ela, que já trabalhava com queimadura desde 1991. “Encontrar pares em tema tão áspero e escasso seria uma alegria. O primeiro Congresso foi maravilhoso! A gana para troca de conhecimento, o apoio e receptividade dos patrocinadores, foi muito enriquecedor”, lembra.

Marilene diz que é muito difícil começar a trabalhar com queimadura. “É muita dor física e emocional para lidarmos diariamente e é fundamental nos mantermos sensíveis a elas. Sendo mulher, nosso instinto e sensibilidade irão sempre nos diferenciar em tudo que fizermos. A mim, profissionalmente sempre foi referência”.

Primeira presidente – Foi no biênio 2013/2014 que a médica pediatra Maria Cristina do Valle Freitas Serra assumiu a presidência nacional da SBQ, a primeira e única mulher a ocupar o cargo até hoje. “Estar na história da SBQ foi um misto de um enorme desafio, uma honra imensa e um grande motivo de orgulho”, destaca.

A médica conta que teve a ajuda de amigos que a acompanharam na desafiante tarefa de conduzir a Sociedade, e destaca nomes como a da primeira e da segunda secretária da sua diretoria, as médicas Telma Rejane Lima da Rocha e Rutiene Maria Giffoni Rocha de Mesquita.

À frente da presidência, Maria Cristina conta que sua meta foi manter a união somada à educação para gerar crescimento e visibilidade da SBQ e conquistar novos sócios. “Mantivemos as inúmeras conquistas alcançadas pelas diretorias anteriores, intensificamos as campanhas de prevenção, o Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado (CNNAQ), estimulamos estudantes na formação das ligas e participação nos congressos, promovemos a participação ativa das regionais e organizamos dois congressos”.

Desde a fundação da SBQ, Maria Cristina ocupou outros cargos, foi presidente da regional Rio de Janeiro e diretora científica na gestão do médico Edmar Maciel quando criaram a Revista Brasileira de Queimaduras (RBQ). “Enche-me de orgulho ver que continua cada dia melhor, assim como o fortalecimento e modernização da SBQ”.

A médica agradece a mãe, Maria Magdalena, pelas conquistas ao longo da vida. “Foi a realização do sonho de me formar como médica, fazer residência e trabalhar em dois importantes hospitais do Rio de Janeiro, sendo casada e mãe de 4 filhos. Graças a ela pude trabalhar com tranquilidade e me dedicar a profissão que desde o início incluía o paciente queimado, já que trabalhava no setor de emergência desses hospitais”, conta.

Violência contra a mulher – A fisioterapeuta e cofundadora da SBQ, Cristina Lopes Afonso, sentiu na pele o que é ser uma sobrevivente de queimaduras. Aos 20 de idade, ela teve 85% do corpo queimado pelo ex-namorado que ateou álcool e fogo nela em uma tentativa de homicídio. Com risco de morte, a família não poupou esforço para lutar por sua sobrevivência.

 “Meu pai vendeu uma fazenda para que eu pudesse ser transferida de Curitiba para Goiânia, em busca da única alternativa especializada. Dois dos meus irmãos doaram pele do corpo para que eu recebesse os primeiros enxertos. Ali, na dor, desesperada, conheci duas realidades e decidi que seria porta voz dessas causas”, lembra.

Em 1991, a fisioterapeuta iniciou a carreira com especialidade na área, desde então, a profissional luta para que a queimadura seja reconhecida como especialidade autônoma na área da saúde. Segundo ela, o reconhecimento levará alívio para muitas pessoas e evitará vários acidentes.

Cristina deixa o recado que as mulheres: “Podemos encarar nossa carreira profissional dividindo com os homens a responsabilidade pela construção do nosso lar, de nossas famílias. Podemos, inclusive, fazer a opção de não gerarmos crianças. Podemos muito, a única coisa que não podemos, é depois de identificar que estamos sendo assediadas, rebaixadas, violentadas, nos mantermos nessa condição, nos mantermos em silêncio. Por tudo digo, mulheres se valorizem, afinal, Deus nos fez carne e coração para sermos felizes. Sejamos!”.

 

 

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