YD Comunicação - 07/06/2023
Reuniram-se especialistas de diversas áreas para alertar sobre os riscos
No Dia Nacional de Luta contra Queimadura, celebrado neste 6 de junho, a SBQ e a Associação Brasileira de Conscientização dos Perigos com a Eletricidade (ABRACOPEL) promoveram uma live para discutir os riscos e alertar sobre a importância de medidas de prevenção de acidentes envolvendo energia elétrica. O evento online reuniu especialistas de diversas áreas, que promoveram um rico debate sobre a importância da conscientização e da prevenção de acidentes.
A live faz parte da programação da Campanha Junho Laranja 2023, que tem como objetivo alertar a população e as autoridades sobre os riscos de acidentes com queimaduras e os traumas que eles podem causar. Neste ano, o tema central da Campanha são as queimaduras elétricas.
O presidente da SBQ, Marcus Barroso, iniciou a live agradecendo à Abracopel pela parceria. “Nos sentimos honrados com essa parceria, que é muito rica e tem rendido muito frutos na prevenção e nas ações da SBQ”, disse.
O embaixador da Abracopel, João José Magalhães, trouxe os dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Ele falou sobre os riscos de queimaduras por eletricidade e apresentou a missão da Abracopel, que é conscientizar e promover a mudança de cultura sobre a segurança da eletricidade. “Tudo tem eletricidade, todos os locais. Não dá mais para a gente conviver com o alto número de acidentes com energia elétrica. São números assustadores, mas com a prevenção e conscientização, é possível reduzir os acidentes”, ressaltou.
A vice-presidente da SBQ, Kelly Araújo, afirmou que, com a parceria da Abracopel, as coisas tomaram outro patamar e tivemos uma amplificação dos dados e da divulgação. “Vejo nisso uma perspectiva e uma parceria que trabalha em conjunto e produz muitas coisas. Temos muito a trabalhar e podemos, juntos, progredir até mesmo com relação a leis.”
Na mesma ocasião, o representante interinstitucional SBQ, José Adorno, enfatizou que a live foi um grande momento, pois foi o primeiro Junho Laranja com uma parceria tão forte. “O motivo da parceria é que temos muita afinidade. Nos completamos atuando para combater os riscos que as queimaduras têm.
Somos duas associações com um interesse em comum, que é discutir mais profundamente a questão da eletricidade. Tanto que isso tornou-se o tema do Junho Laranja.
DADOS DO BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
O embaixador da Abracopel apresentou os dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde que apontaram que, em 2022, foram 1.828 acidentes com choque elétrico, sendo 592 mortes. E, de 2015 a 2020, foram 9.117 óbitos pelo mesmo motivo. Segundo ele, são vários os motivos de acidentes, entre eles está o despreparo de profissionais fazendo a instalação ou, até mesmo, os condutores elétricos com baixa qualidade, que podem causar acidentes e incêndios devido ao mau funcionamento.
Sobre mortes por choque elétrico, ele destacou que grande parte dos acidentes acontecem na construção civil informal. “É um produto que está próximo a todo mundo e há pessoas se acidentando com isso. Não dá mais para convivermos com esse tipo de acidente. São necessárias políticas públicas de prevenção, de mais campanhas de fortalecimento e, principalmente, a manutenção do convênio entre a Abracopel e a SBQ, que é do bem e foca na prevenção de acidentes”, alertou.
IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO
O superintendente do CB-24 da ABNT e também da Associação Brasileira de Proteção Passiva (ABPP), Rogério Lin, afirmou que a cultura prevencionista é a cultura de valorização da vida. "Não é admissível perder vidas que podem ser poupadas, se temos meios de prevenir. É necessário ter cuidado redobrado com os carregadores de celulares e equipamentos com baterias de lítio”, disse.
“Muitas pessoas dormem com o celular embaixo do travesseiro. Isso favorece o aquecimento da bateria enquanto está carregando. Apesar de ter tecnologias que gerenciam o aquecimento das baterias, muitos casos de acidentes com celulares está relacionado a carregadores incompatíveis e que não são originais. Temos que trabalhar com a responsabilização de fabricantes de equipamentos envolvidos em acidentes”, ressaltou.
José Adorno lembrou que a Abracopel traz na campanha uma tipificação dos acidentes, como fio desencapado, com fios de celular, com baterias de alta densidade que são muito utilizadas em equipamentos. Por isso, é muito importante uma política de conscientização. “A eletricidade determina, muitas vezes, a morte imediata. Portanto, a única política possível é a de prevenção”, disse.
SEQUELAS DE ACIDENTES
Levando em consideração a visão médica dos acidentes, o presidente da SBQ explicou a diferença entre flash burn - que é o choque de fora para dentro, como combustão da roupa, por exemplo, e a queimadura elétrica, que é de dentro para fora, ou seja, a corrente elétrica passa por dentro do corpo da pessoa e queima os tecidos internos, músculos e sobrecarga renal. “A primeira hora de tratamento é fundamental, pois é quando podem ser iniciadas medidas, evitando que esse paciente tenha a falha na função dos rins, que é uma queimadura grave. Às vezes, a lesão é pequena por fora, mas por dentro é uma queimadura imensa. A amputação ocorre muitas vezes para que não haja essa sobrecarga nos rins”, disse.
Barroso salientou, ainda, que o paciente que sobrevive ao choque passa por amputações e vive com sequelas pelo resto da vida. “Quando o paciente não morre, é muito grande a chance das sequelas serem importantes e impedir que o paciente viva normal”, alertou.
A vice-presidente da SBQ ressaltou que o tratamento do queimado deve começar no local do acidente, por quem vai resgatar, para que não haja risco para mais ninguém. “A pessoa deve receber muito mais hidratação para proteger os rins, também, pode haver lesão cardíaca, perda de visão, perda de sensibilidade por queimaduras nos nervos. Na hora, pode não haver a correlação, mas esse tipo de queimadura, por passar dentro do corpo do paciente, pode gerar inúmeras sequelas”, alertou.
PRIMEIROS CUIDADOS
Com relação aos primeiros socorros aos acidentados, os representantes da SBQ trouxeram orientações. De acordo com a vice-presidente Kelly Araújo, a primeira medida é tirar a fonte de energia, resfriar a pessoa com água corrente, acionar o socorro. “Além disso, é muito importante informar a voltagem, a entrada e saída, para que o médico saiba as circunstâncias, o tempo que a pessoa esteve em contato com a corrente etc. Com essas informações, a equipe poderá prever o tipo de lesão associada, o que pode levar a um tratamento mais eficaz e rápido” explicou.
O presidente da SBQ lembrou, ainda, que não se deve usar gelo. “Além de usar água corrente, deve-se tirar os adornos, como pulseiras e colares, da pessoa, que podem se tornar garrote e causar necrose. Não coloque nada além de água. Se a roupa grudar, não retirar e levar ao hospital imediatamente”, disse.
Já José Adorno lembrou que, a queimadura elétrica, é uma queimadura especial desde a hora que a pessoa começa a ajudar quem está se queimando. Segundo ele, há uma especificidade para que se chame o serviço de emergência o mais rápido possível. A baixa voltagem, que muitas pessoas não consideram o risco, pode dar parada cardíaca ou gerar sequelas no coração”, afirmou.
ARCO VOLTAICO
Outra questão de destaque da live foi o alerta para acidentes com o chamado Arco Voltaico. A questão, segundo os especialistas Márcio Bottaro, do IEE da USP, e Maria do Carmo Chies, da Westex, é pouco conhecida e gera acidentes muito graves.
Segundo Maria Chies, é necessário sempre usar equipamento de proteção pessoal para inibir a condução da energia e prevenir choques. “O arco é uma condição de falha no sistema, que pode ser de baixa tensão. Nesse caso, há a união de correntes elétricas e é gerado o arco elétrico. Nesses casos, são temperaturas muito altas que podem resultar em acidentes muito graves”, explicou.
