- 29/10/2025
Em setembro deste ano, sete pessoas ficaram
feridas após a explosão de um rechaud em uma churrascaria na Bahia. A notícia
recente retrata o que os dados oficiais ainda não mostram: é cada vez mais
frequente o número de acidentes causados por estes equipamentos que necessitam
de reabastecimento para manter a chama acesa e o aquecimento do alimento. E isso
tem preocupado profissionais da área de saúde.
“Nós recebemos com frequência pacientes
acidentados com queimaduras graves por causa de acidentes como a recheaud.
O que acontece é que na hora que o funcionário vai recarregar, ele usa álcool
em gel ou líquido e o fogo acaba espalhando e atingindo quem está por perto”,
lamenta a cirurgiã plástica Aline Durão, que atende no Centro de Tratamento de
Queimados do Hospital João (0:45) XXIII em Belo Horizonte.
A Sociedade Brasileira de Queimaduras
está buscando um diálogo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel)
com o objetivo de conversar sobre
possíveis ações em parceria diante do número preocupante de casos de
queimaduras relacionadas ao uso de réchaud e a acidentes em cozinhas
profissionais.
“A gente tem percebido um aumento de
acidentes, não somente com recheauds, mas também com outros equipamentos que
oferecem riscos de acidentes com queimaduras, como gás de cozinha, aparelhos de
fondue, entre outros. Por isso, a gente está buscando essa parceria, na
tentativa de levar mais informações e treinamentos para o setor de bares e
restaurantes”, diz a presidente da SBQ, Kelly Araújo.
Alguns projetos de lei tramitam no
Congresso na tentativa de proibir ou regulamentar o uso desses equipamentos. Entre
eles está o PL 4.875/2023. Apensado ao
PL 5.973/2023, ele busca regulamentar o uso de materiais inflamáveis, como os
utilizados em réchauds, estabelecendo regras de construção e segurança para
locais como bares, restaurantes e similares. Também prevê a criação de
campanhas educativas para prevenção de queimaduras.
A fundadora e vice-presidente da Associação
Nacional dos Amigos e Vítimas de Queimadura (Anaviq), Alexandra Bilar,
acompanha de perto a tramitação e cobra para que o PL seja brevemente aprovado.
Ela foi vítima de um acidente com recheaud, em julho de 2010, enquanto almoçava
em um restaurante self-service em São Paulo. A amiga que a acompanhava acabou não
resistindo as queimaduras e morreu.
Como evitar acidentes
Algumas práticas simples podem evitar
que acidentes ocorram. A primeira recomendação é jamais reabastecer o
equipamento quando a chama ainda estiver acesa. É preciso apagar totalmente e
esperar resfriamento antes de repor o combustível.
Substituir o álcool líquido por gel ou
sólido é uma alternativa. O treinamento dos profissionais que manipulam esses
equipamentos também é essencial. “Nós, como cidadãos, temos que cobrar esse
tipo de treinamento, agimos como fiscalizadores até que a sociedade se acostume
que as coisas sejam feitas da maneira correta”, frisa a cirurgiã Aline Durão.
Também é importante que se posicione o
réchaud longe de objetos, cortinas e principalmente das pessoas sentadas à mesa.
E se Se o prato vai à mesa com chama acesa, informe que não se deve tocar no
equipamento nem tentar reacender.