Pele de tilápia no tratamento de queimaduras

- 30/09/2020

Projeto apresenta menos dor e menor risco de infecções em pacientes queimados

Após seis anos de pesquisa, o projeto "A pele de tilápia: um novo biomaterial para tratamento de queimaduras, feridas, cirurgias ginecológicas e medicina regenerativa" está em fase final. O estudo é realizado no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceara´ e tem como coordenador o cirurgião plástico e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Edmar Maciel.

Segundo o especialista, antes da aplicação na pele queimada, a pele de tilápia precisa ser lavada e hidratada em soro fisiológico. Nas queimaduras de segundo grau, o curativo biológico adere a área queimada e permanece até o final do tratamento, por 12 dias. Nas queimaduras de segundo grau profundas e de terceiro grau, ela permanece de seis a sete dias e diminui a dor na troca dos curativos.

 “Como adere na área queimada, a pele diminui a contaminação e diminui, também, a perda de líquidos no paciente. A pele da tilápia tem uma propriedade extremamente importante chamada colágeno tipo 1”, conta.

Geralmente, na rede pública de saúde, é usada uma pomada de sulfadiazina de prata ou colagenase. Diariamente, a ferida precisa ser lavada e o curativo refeito, causando muita dor ao paciente que sofre a queimadura.

De acordo com Edmar Maciel, agora estão na reta final de seleção de uma empresa para registrar o produto “pele no glicerol” na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a liberação, o produto será produzido em escala industrial e comercializado em larga escala.


BENEFÍCIOS EM OUTRAS ÁREAS – A pele do peixe também apresentou bons resultados em tratamentos ginecológicos, como: na agenesia vaginal - pacientes que nascem sem vagina; na atrofia vaginal - pós câncer ou pós irradiação; e na redesignação sexual - mudança do sexo masculino para o feminino.



No tratamento da úlcera varicosa - má circulação sanguínea que causa o rompimento das veias que causa o rompimento das veias e o surgimento de ferida também é aliado.  O uso veterinário, no tratamento de feridas de animais, também é possível.

De acordo com Edmar Maciel, outros produtos ainda estão em fase de teste.

PREMIAÇÃO – Na última quinta-feira (24), a pesquisa foi a vencedora do prêmio Euro Inovação na Saúde, concedido pela indústria Eurofarma Laboratórios S.A. A premiação recebida pela equipe foi de 500 mil euros.

“Ele consagra um trabalho que vem sendo desenvolvido nesse período todo e é o maior prêmio, hoje, da medicina brasileira. A premiação mostra que é possível a gente desenvolver pesquisa no nosso país, no Nordeste e aqui no Ceará, que é onde a pesquisa começou e vem sendo toda desenvolvida e coordenada”, enaltece o médico Edmar Maciel.

O prêmio é o 16ª conquistado ao longo dos seis anos de pesquisa. O estudo também teve 24 artigos publicados, em revistas nacionais e internacionais; duas parcerias de pesquisa com sucesso com a Nasa e foi apresentada em quatro grandes seriados internacionais. “Eu tenho orgulho muito grande de ter recebido esse prêmio, de participar de todas as etapas da pesquisa desde o início e de ser o coordenador do projeto maravilhoso”.

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