Um dia para reforçar a necessidade da doação de pele

YD Comunicação - 27/09/2022


Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos é instituído pela Lei nº 11.584/2007, para conscientizar a sociedade sobre a importância da doação

O dia 27 de setembro foi instituído pela Lei nº 11.584/2007 como Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e fazer com que o tema seja conversado sem receios com familiares e amigos. Vale lembrar que a pele também pode ser doada e os bancos receptores sofrem com baixos estoques devido à falta de informação que a população tem.

Maior órgão do corpo humano, a pele pode salvar a vida de pacientes vítimas de queimaduras. As doações, no entanto, estão longe do esperado pelos cinco bancos de tecidos em funcionamento do país. Muitos estão com o estoque baixo ou até mesmo zerado. Dados do Ministério da Saúde mostram que houve uma redução de cerca de 30% na doação de pele desde 2019, antes da pandemia.

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), José Adorno, preocupados com a situação, a SBQ tem mantido reuniões constantes com chefes de banco e também com o Sistema Nacional de Transplante (SNT) para discutir melhorias na política nacional de bancos de pele do Sistema Único de Saúde (SUS).

"O objetivo é discutir de maneira integrada, com todos os bancos, com colaboração mútua, promovendo troca de experiências e sugestões de progresso. O Brasil tem cinco bancos ativos e funcionando de maneira plena. O mais recente é o da USP de Ribeirão Preto. Todos estão na região Sudeste do país. Precisamos de mais bancos estrategicamente distribuídos em outras regiões. Por todos serem do SUS e com objetivo de atendar demanda crescente de pele alógena, devemos incentivar e colaborar em funcionamento em rede de assistência e não individualmente. Isso aumenta efetividade e execução da política", alerta José Adorno.

A SBQ tem o papel de articular discussões intersetoriais entre órgãos governamentais e os próprios bancos, buscando acelerar decisões e melhorias. "Trabalhando em conjunto, conseguimos avançar na aprovação junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) a aprovação do uso da membrana amniótica como terapia clínica em queimados; articulamos a liberação do banco de Ribeirão Preto junto ao SNT; discussão integrada com todos os bancos, objetivando uniformização de formulários de solicitação de pele e termos de consentimentos; incentivamos e apoiamos o treinamento de cirurgiões plásticos no curso de capacitação; fazemos campanhas de conscientização de doação de pele; ampla divulgação sobre necessidade de progresso incentivando formação e pesquisa", ressalta o presidente da SBQ.

Todas as ações são essenciais para garantir que os bancos de pele recebam a atenção merecida, pois eles são necessários para o progresso de tratamento das queimaduras. "Acreditamos que os bancos de pele forneçam a melhor e mais barata opção de curativo biológico, sendo uma ferramenta indispensável no tratamento das queimaduras e de feridas complexas. Estes bancos deveriam ser considerados de utilidade pública para receber benefícios públicos, fomentando assim a abertura de mais unidades por todo o Brasil", destaca o responsável técnico do banco de pele de Curitiba, Luiz Henrique Calomeno.

Em funcionamento desde 2013, o banco de pele de Curitiba fica nas dependências da PUC-PR, administrado pelo grupo Mackenzie. Desde a sua inauguração, o banco distribui pele para pacientes com necessidade de curativo biológico, como queimados e portadores de feridas complexas e, desde 2021, está inserido em um banco de multitecidos (cardiovascular, córnea, músculoesquelético e pele), em uma área de 204,30m².

DOAÇÃO – A retirada de pele é feita a partir de indivíduos com diagnóstico de morte encefálica ou parada cardiorrespiratória, respeitando a autorização familiar, como acontece com a captação de outros órgãos. Uma fina camada de pele, com espessura de aproximadamente 1 mm, é retirada de áreas escondidas, como costas, coxas e pernas. Não causa sangramentos e não acarreta nenhum tipo de deformidade na aparência do doador. O material pode ficar armazenado por até dois anos sob refrigeração de 2 a 6°C.

Os bancos de tecidos são os responsáveis pela captação, preparo e distribuição das peles doadas. Atualmente, existem cinco em funcionamento no país, o Banco de Tecidos da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; o Banco de Tecidos do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo; o Banco de Multitecidos Humanos, em Curitiba; o Banco de Pele do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro. O banco de pele do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), recebeu autorização para captação de pele humana no início de dezembro de 2021, mas ainda não está captando tecido.


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