SBQ comemora 25 anos com lutas e grandes conquistas

- 06/06/2020

Com o papel importante em campanhas de prevenção e expansão de conhecimentos na área de queimaduras, a Sociedade ainda tem grandes feitos pela frente

Há 25 anos, no dia 6 de junho de 1995, nascia a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). Criada por profissionais da área com o intuito de inserir o tratamento de queimaduras nos procedimentos de alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante esses anos, a Sociedade realizou grandes feitos tanto para os profissionais do setor quanto para pacientes vítimas de queimaduras.

O tratamento à pacientes não era considerado de alta complexidade, visto que, estava inserido no financiamento de emergências globais. Após a SBQ, as queimaduras foram classificadas como um grande problema de saúde pública, pois acarretam problemas físicos, psicológicos e sociais, quando não leva o paciente ao óbito. Com a conquista, à população agora tem acesso a serviços qualificados e integrados nos Centros Tratamento de Queimaduras (CTQs). 

“Antes, o financiamento para queimaduras era com o das emergências globais. Toda a separação passou a existir quando a SBQ, fomentando uma discussão junto ao Ministério da Saúde, ajudou a construir uma política definida de queimaduras”, explica o presidente da SBQ, José Adorno.

A Sociedade incentiva, ainda, a troca de conhecimento de profissionais que tratam queimaduras. Os CTQs contam com uma equipe multidisciplinar composta por uma variedade de especialidades profissionais. Para alinhar o conhecimento, a Sociedade investe em congressos, jornadas, simpósios, o Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado (CNNAQ), entre outros. “Até a década de 1990 não tinha essa troca de conhecimento”, ressalta o presidente.

Planos para o futuro – Diante de um cenário tão grande, a queimadura oferece muitos desafios que passam pela prevenção, pelo tratamento, pela reabilitação e pela inserção social. Então, o futuro ainda reserva muitos desafios e conquistas ao longo do caminho da Sociedade Brasileira de Queimaduras.

Prevenção é a palavra-chave quando se fala no assunto. A mortalidade infantil de zero a quatro anos de idade já foi reduzida, mas dos 70% de acidentes domésticos no país, 40% ainda acontecem com crianças. 

Para José Adorno, é importante inserir a prevenção às queimaduras na agenda de dois programas do Sistema Único de Saúde (SUS): Programa Saúde na Escola (PSE) e Estratégia Saúde da Família (ESF), que alcança crianças e todos os membros de uma residência.

Outra forma de prevenção é mudar a cultura de como o álcool é usado pelos brasileiros. Ainda há muitos acidentes domésticos com o produto que nem sempre é visto como altamente inflamável. “Podemos ver os dados de aumento considerável nos CTQs em acidentes com o álcool 70% que voltou a ser vendido após a pandemia do coronavírus”, destaca. 

Os bancos de pele também precisam de atenção, pois o transplante do órgão apresenta melhorias clínicas ao paciente queimado. Atualmente, quatro bancos de pele funcionam no país e há necessidade de mais. “Temos a pele alógena usada como curativo biológico temporário e a membrana amniótica, ainda em fase de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Temos que lutar pela incorporação nas práticas clínicas das duas. Como estão inseridas no mesmo processo de armazenamento, podemos usar o mesmo banco de pele para ambas”, conta o presidente da SBQ.

Identificando problemas – Para Adorno, é importante um plano nacional de catástrofe e um amplo conhecimento da rede nacional de assistência. “Como no Acre, em 2019, ajudamos o governo do estado a atender um grande acidente com um barco. A SBQ serviu de facilitador e conseguiu vagas reguladas pelo SUS em outros estados. As Forças Armadas fizeram o transporte de 11 pacientes com respiradores que não podiam ser atendidos no Acre, pois não havia CTQ. Com voluntários, fizemos um curso de primeiro atendimento e um simpósio”, conta o presidente.

Com os mapeamentos é possível traçar rotas e protocolos mais amplos, além de reconhecer as fragilidades de cada CTQ no país. “A visão integrada é importante, já estamos bem próximos de conhecer com muito detalhe os nossos CTQs no Brasil. Estamos conseguindo nos aproximar mais de todos os estados. Assim, avaliamos as necessidades e podemos fazer campanhas educativas de prevenção”, explica.

No próximo mês de julho, em uma parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com a International Society for Burn Injuries (ISBI), começa a coleta de dados dos Centros de Tratamentos de Queimados sobre vítimas de queimaduras, no Programa Global de Prevenção de Queimaduras. O programa reunirá informações de vários países e será atualizado mensalmente. “Com essas parcerias internacionais prevejo grandes progressos no Brasil”, celebra o médico.  

Junho Consciente – Nesse mês junho, uma série de atividades comemoram o mês de prevenção a queimadura e as duas décadas e meia da Sociedade. Serão realizadas lives científicas, além de campanha digital de conscientização da população em geral. Também, durante todo o mês, monumentos de Brasília, Natal, Belo Horizonte e Goiânia estarão iluminados com luzes laranja representando a simbologia do mês, em luta pela causa. 


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