Acampamento ajuda a elevar a autoestima de crianças vítimas de queimadura

YD Comunicação - 28/10/2020

Projeto social promovido pela SBQ está suspenso devido a pandemia, mas promete voltar com tudo em 2021

“Eu aprendi que as crianças queimadas não são feias, que devemos respeitá-las em suas dificuldades e procurar ajudar a todos sempre que possível”. A lição vem da pequena Maria Andréa Areanaro, de 11 anos, a única sobrevivente de um incêndio provocado pelo padrasto, quando ela tinha apenas 2 anos de idade. Maria ficou com 65% do corpo queimado e encontrou uma nova família que a adotou um ano depois. 

Sempre em busca de melhor qualidade de vida para a filha, Marise Arenaro de Carvalho, encontrou, no site da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), informações sobre o Camp Samba, um acampamento voltado somente para crianças de 7 a 14 anos que foram vítimas de queimadura. Desde então, Maria Andréa já participou das quatro edições realizadas, três em São Paulo e uma em Alexânia (GO). “Eu amo as festas, as brincadeiras, os campeonatos e a piscina”, conta.

Cada edição do Camp Samba recebe 50 crianças. Julia Grazielly Mascarenhas, 14 anos, já foi uma delas. “O acampamento me ajudou a me socializar, falar mais abertamente sobre a queimadura e ver que, como sobrevivente, sou um exemplo”, observa a menina que aos 2 anos de idade teve a região do tórax, mão e queixo queimados após puxar um prato de mingau quente que estava esfriando sobre a mesa. 

Para Julia, a melhor parte do Camp Samba é quando todos se sentam para uma roda de conversa para falar sobre suas experiências. E esse momento parece ser o preferido da maioria dos participantes. “Sempre temos momentos de reflexão no penúltimo dia. Passamos o bastão por cada criança, que fala sobre sua experiência com queimadura e sobre o camping. A maioria relata prazer em ter participado do acampamento”, conta a terapeuta ocupacional Rosa Irlene, diretora de Planejamento Estratégico e Gestão de Pessoas do projeto. 

A identificação com outras crianças também é algo importante durante o Camp Samba. “Já participei de três edições e elas me ajudaram muito a não ter vergonha, a eu perceper que não sou o único e que posso viver normalmente. Gostei de todos que conheci, nunca vou me esquecer”, conta Davi de Assis Brandão, de 15 anos. O jovem sofreu queimaduras em 30% do corpo enquanto brincava com fogo, aos 5 anos de idade. 

EVENTO – Desde o ano passado, a proposta do projeto é manter uma edição em São Paulo, no meio do ano, e outra itinerante, passando por todas as regiões do Brasil. Anápolis foi a primeira a receber o Camp Samba nesta modalidade. E lá estava Maria Vitória Dias de Jesus, 14 anos. “Eu aprendi a lidar com minhas dificuldades. Pude conhecer outras crianças queimadas como eu. Foi muito gratificante participar das brincadeiras na piscina e na lama”, conta a menina. 

O lúdico é a estratégia utilizada para transformar os três dias de acampamento em momentos inesquecíveis. “É um momento de descontração, de relacionamento, interação e integração à sociedade, de modo que eles se sintam iguais, aumentando a autoestima e melhorando a capacidade de eles fazerem uma leitura diferente da própria imagem”, explica Rosa Irene. 

Segundo o cirurgião plástico e presidente do Camp Samba, Luiz Philipe Molina Vana, as crianças que participam do acampamento colhem benefícios na melhoria em sua autoconfiação e autoestima. “Elas são envolvidas em um ambiente que promove cuidar de si e do próximo enquanto se divertem. Através da interação com outras pessoas, cujas vidas foram afligidas por traumas de queimaduras, aprendem que elas não estão sozinhas”, destaca.

Em razão da pandemia, infelizmente, em 2020 não houve Camp Samba. Porém, vídeos com atividades sugeridas têm sido postados com freqüência nas redes do projeto. “Esperamos voltar em 2021, presencialmente, com atividades esportivas, como futebol na lama, piscina, tobogã na espuma, artes e show de talentos, além das rodas de conversão e expressão corporal”, espera Luiz Philipe. 

AJUDA - Para as crianças, que são selecionadas em organizações não-governamentais e em centros de tratamento de queimados, o evento é totalmente gratuito. Além dos três dias acampados, com direito à alimentação e diversão, transporte e enxoval com kit de higiene são entregues aos participantes. 

“Antes a gente dava o enxoval completo, inclusive com roupas, bonés e chinelos para usarem durante todo o acampamento, mas as dificuldades financeiras não têm nos permitido continuar”, lamenta Rosa Irlene. Isso porque o Camp Samba sobrevive de doações. Quem quiser contribuir, pode doar qualquer valor por meio da conta bancária da Sociedade Brasileiira de Queimaduras

SERVIÇO:

Para doar e ajudar a manter viva a causa:

Banco: SICOOB 

Cooperativa 5004

C/C: 103.848-6

CNPJ: 00.683.645/0001-76

Para mais informações: www.campsamba.com.br

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